Jovens Conquistam: A Insurreição Financeira
– Como os Nativos Digitais Estão Redefinindo o Sucesso Financeiro –
Jovens Investidores Assumindo a Liderança nos Mercados Financeiros
Em uma mudança sem precedentes no comportamento financeiro, a Geração Z está causando impacto ao iniciar sua jornada de investimentos significativamente mais cedo que as gerações anteriores. De acordo com um estudo recente do Fórum Econômico Mundial, mais de um terço dos indivíduos da Geração Z (36%) começa a poupar dinheiro mesmo antes de ingressar no mercado de trabalho, em comparação com apenas 17% dos Millennials, 10% da Geração X e apenas 8% dos Baby Boomers.
Essa revolução financeira não está acontecendo por acaso. Ela é alimentada por uma combinação perfeita de acesso tecnológico, mudanças nos arranjos de moradia e o impacto transformador da pandemia de COVID-19.
Como a Pandemia Remodelou os Hábitos dos Jovens Investidores
A pandemia global serviu como um catalisador inesperado para a conscientização financeira entre as gerações mais jovens. Com os lockdowns forçando muitos a voltarem para a casa dos pais e o trabalho remoto eliminando os custos de deslocamento, os jovens adultos de repente se viram com despesas reduzidas e mais renda disponível.
“Durante a pandemia, voltei a morar com meus pais e trabalhava de casa. Como eu praticamente não tinha despesas, decidi economizar algum dinheiro”, explica Alex Thompson, 26 anos, administrador de empresas que aprendeu sobre investimentos principalmente através de vídeos do YouTube.
Sua estratégia de investimento concentra-se principalmente em ativos de renda fixa para construir uma reserva de emergência, economizar para viagens, preparar-se para a aposentadoria e, eventualmente, comprar uma casa. “Com as altas taxas de juros atuais, investimentos de renda fixa fazem mais sentido para meus objetivos”, acrescenta Thompson.
Confiança Digital Transforma Abordagens de Investimento
A pesquisa do Fórum Econômico Mundial revela uma impressionante diferença de confiança entre gerações quando se trata de entender os mercados financeiros:
- 40% da Geração Z e dos Millennials se sentem confiantes sobre sua capacidade de compreender os mercados financeiros e tomar decisões de investimento sólidas
- Apenas 27% da Geração X e 20% dos Baby Boomers compartilham esse nível de confiança

“A familiaridade desempenha um papel crucial nas decisões de investimento. As pessoas tendem a perceber menos risco naquilo que conhecem e entendem”, explica a especialista financeira Jennifer Hayes, que orienta milhares de novos investidores, com idades entre 13 e 90 anos, através de seus cursos online.
Hayes observa um padrão interessante entre os investidores mais jovens: “A Geração Z frequentemente busca a próxima Amazon ou Tesla. Eles geralmente evitam ações estáveis que pagam dividendos e, em vez disso, gravitam em direção às criptomoedas, influenciados por histórias de sucesso que circulam nas plataformas de mídia social. Isso cria uma espécie de mentalidade de rebanho.”
Educação Precoce Cria uma Vantagem Significativa
Os dados revelam uma estatística surpreendente: 86% dos indivíduos da Geração Z já começaram a aprender sobre investimentos no momento em que ingressam no mercado de trabalho, em comparação com apenas 47% dos Baby Boomers.
Essa educação precoce está transformando trajetórias financeiras. Tome Rachel Martinez, 24 anos, como exemplo: “Comecei em 2020 com apenas R$20 por mês. Como estudante que se sustentava através de bolsas e estágios, era tudo o que eu podia administrar. Em 2021, meu estágio melhorou, permitindo que eu investisse R$100 mensais em ativos de renda fixa.”
Embora um de seus objetivos de longo prazo incluísse financiar um programa de intercâmbio no exterior, sua principal motivação surgiu de preocupações com segurança financeira. “Eu absolutamente preciso ter economias. Mantenho essa disciplina. Não tenho um salário regular e não venho de uma família rica, então sempre me senti ansiosa sem uma reserva financeira. Mesmo com pouco dinheiro, sempre priorizamos economizar”, explica Martinez, que agora possui mestrado em direito.
A Lacuna de Investimento Intergeracional
O contraste entre as gerações é marcante, com muitos investidores mais jovens ensinando seus pais sobre estratégias modernas de investimento. William Parker, 27 anos, influenciou com sucesso seus pais a começarem a investir. “Meu pai se aposentou, minha mãe não, mas ambos ainda trabalham por necessidade”, explica.
Parker começou a investir quatro anos atrás, quando começou a receber bônus do escritório de advocacia onde trabalha. “Percebi a importância de se manter à frente da inflação e escolhi a opção mais segura — investimentos de renda fixa vinculados às taxas de juros. Também invisto em Letras de Crédito do Agronegócio e debêntures.”
Recentemente, ele retirou parte de seus investimentos para dar entrada em um imóvel. “Hoje, mantenho uma reserva de emergência em um Certificado de Depósito a 102% da taxa de juros. Consulto regularmente meu assessor de investimentos, mas ainda me sinto despreparado para investimentos de renda variável. Sou um pouco cauteloso. Meu objetivo é preservar o valor do meu dinheiro, em vez de aumentar agressivamente meus ativos”, diz Parker.
Por Que Alguns Ainda Hesitam em Investir
A pesquisa do Fórum Econômico Mundial identificou várias barreiras que impedem as pessoas de investir:
- Não entender produtos específicos de investimento (26%)
- Perceber investimentos como muito imprevisíveis (21%)
- Encontrar investimentos desalinhados com objetivos financeiros (21%)
Para os não investidores, o motivo mais comum citado foi fundos insuficientes. Curiosamente, há dois anos, a principal preocupação era o medo de perder dinheiro—sugerindo uma mudança de perspectiva sobre o risco.
Essas descobertas vêm do Global Retail Investor Outlook 2024, desenvolvido em parceria com a Robinhood Markets e o Boston Consulting Group. A pesquisa entrevistou 13.000 adultos em 13 países, incluindo Austrália, Brasil, China, França, Alemanha, Índia, Irlanda, Japão, Cingapura, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e EUA.
Objetivos de Investimento Permanecem Atemporais
Apesar dos avanços tecnológicos e das mudanças nos comportamentos de investimento, os principais objetivos financeiros permanecem notavelmente consistentes entre as gerações. O objetivo de investimento mais frequentemente citado foi “ter dinheiro para emergências”—substituindo “economizar para a aposentadoria”, que liderou a pesquisa anterior em 2022.
A Lacuna Geracional das Criptomoedas
O estudo revelou diferenças significativas na exposição ao mercado internacional entre faixas etárias:
- 45% da Geração Z e dos Millennials investem em mercados internacionais
- Apenas 35% da Geração X e dos Baby Boomers fazem o mesmo
A divisão geracional parece ainda mais pronunciada com ativos digitais. Entre os investidores com menos de 44 anos que possuem criptomoedas, mais da metade alocou pelo menos um terço de seu portfólio para esses ativos digitais.
Michael Ryan, 22 anos, exemplifica essa tendência. “Comecei com um pouco de Bitcoin, sendo o mais reconhecido, depois gradualmente expandi para Ethereum, Solana e XRP.”
Seu portfólio agora inclui mais investimentos do que ele pode prontamente recordar, incluindo títulos do governo, certificados de depósito, fundos imobiliários e ações nos mercados brasileiro e americano. “Mas é uma pequena quantidade por causa da taxa de câmbio do dólar.”
O estudante de geografia aprendeu a investir junto com sua mãe da Geração X durante a pandemia. “Ela sempre me acompanhou nesse processo. Ela investe em todas as mesmas classes de ativos que eu. Modelei meus hábitos de economia e planejamento futuro com base nos dela.”
O estudo descobriu que metade dos jovens entrevistados tinha pais com contas de investimento, em comparação com apenas 34% da Geração X e 22% dos Baby Boomers.
Assistência de IA e Investimento Sustentável
As gerações mais jovens demonstram maior abertura à tecnologia financeira, com 41% receptivos a conselhos financeiros baseados em IA e 48% dispostos a deixar assistentes de IA gerenciarem seus investimentos.
Considerações Ambientais, Sociais e de Governança (ESG) também distinguem os investidores mais jovens:
- 42% da Geração Z frequentemente consideram impactos ambientais e sociais antes de investir
- 13% dizem que quase sempre levam em conta critérios ESG
- Entre os Millennials, esses percentuais foram de 40% e 15%, respectivamente
- Apenas 30% da Geração X e 21% dos Baby Boomers regularmente consideram impactos ambientais e sociais
- Apenas 8% da Geração X e 6% dos Baby Boomers quase sempre levam em conta critérios ESG
“Dada essa mudança sustentada na demografia dos investidores, é essencial que os líderes reavaliem o panorama de investimentos de varejo e garantam que os investidores individuais tenham a educação financeira correta e as ferramentas de investimento para apoiar seus objetivos financeiros”, aconselha Natalia Roberts, Chefe de Mercados Financeiros do Fórum Econômico Mundial.
A Grande Transferência de Riqueza
De acordo com estimativas da gestora americana Cerulli, aproximadamente US$ 124 trilhões atualmente detidos por Baby Boomers e gerações mais velhas serão transferidos para gerações mais jovens até 2048. Reconhecendo essa oportunidade, instituições financeiras estão desenvolvendo produtos especificamente para clientes mais jovens.
“O interesse no mundo dos investimentos está crescendo rapidamente entre os jovens”, observa Thomas Williams, Executivo de Captação e Investimentos de um grande banco que recentemente abriu fundos de investimento para clientes de 8 a 17 anos, oferecendo múltiplas estratégias, incluindo Renda Fixa e fundos Multimercado.
O Bank of America estima que em aproximadamente cinco anos, a Geração Z terá acumulado US$ 36 trilhões, potencialmente aumentando para US$ 74 trilhões até 2040. Em 2023, esse número era de apenas US$ 9 trilhões. “Eles provavelmente estarão entre as gerações mais disruptivas para economias, mercados e sistemas sociais”, afirma um relatório publicado pela instituição americana este mês.
Tendências Globais de Investimento
Analisando os dados por país, a pesquisa revela que investidores em nações emergentes expressam maior confiança. Eles também investem mais pesadamente em criptomoedas, com 36% dos entrevistados de países emergentes investindo em cripto comparado à média global de 27%.
Outra distinção é que a maioria dos investidores em países desenvolvidos relata aprender a investir através da prática, enquanto a maioria nos mercados emergentes aprendeu com recursos educacionais fornecidos por instituições financeiras.
Entre os entrevistados brasileiros especificamente:
- 89% disseram que poderiam cobrir despesas diárias básicas, abaixo do Reino Unido (91%) mas acima dos EUA (85%)
- Apenas 57% disseram que poderiam lidar com uma grande despesa inesperada, tornando o Brasil o segundo pior nesta categoria, à frente apenas da África do Sul (55%)
- 43% expressaram preocupação de que suas economias não durariam por toda a vida
- 31% relataram dificuldade em pagar dívidas e obrigações
- 40% usam aplicativos de orçamento, bem acima da média global de 27%
A pesquisa também destacou o impacto do Open Finance no Brasil, com 60% dos locais dispostos a compartilhar dados pessoais com instituições financeiras, comparado a apenas 47% em países desenvolvidos.
Dando o Primeiro Passo
Para aqueles inspirados a iniciar sua jornada de investimento, especialistas financeiros recomendam começar com estes passos simples:
- Construir uma reserva de emergência cobrindo 3-6 meses de despesas essenciais
- Aprender continuamente através de recursos online confiáveis e materiais educacionais
- Começar pequeno com qualquer valor que se sinta confortável
- Diversificar gradualmente à medida que seu conhecimento e confiança crescem
- Concentrar-se em objetivos de longo prazo em vez de flutuações de mercado de curto prazo
O panorama financeiro está evoluindo rapidamente, mas uma coisa permanece clara: começar cedo cria uma vantagem poderosa através da magia dos juros compostos e do tempo. Como a Geração Z demonstra, você não precisa de riqueza substancial para começar—apenas a vontade de aprender e a disciplina para economizar consistentemente.
Você está pronto para se juntar à revolução dos investimentos?
– Roger Alvares de Oliveira
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